Conjuntura Internacional
1. Os ataques contra os trabalhadores e os mais pobres no mundo são uma realidade do capitalismo mundial, seja qual for o país. Desde a crise econômica de 2008 tem ficado pior.
2. A burguesia, que é o grande empresariado e seus governos, impõe esses ataques para garantir seus lucros. Desde os governos de extrema-direita até os ditos “progressistas”, ou “de esquerda”, que na verdade buscam conciliar os interesses dos trabalhadores com os interesses dos patrões, o que é impossível.
3. Esses ataques pioram a vida dos trabalhadores de conjunto, mas são mais sentidos ainda pela população carente, mulheres, negras e negros, LGBTs, migrantes… Sem falar nas mudanças ambientais que o capitalismo tem gerado e que ameaçam a própria vida na Terra.
4. Ao mesmo tempo há grandes lutas em todos os cantos do mundo. Por exemplo temos visto nos últimos anos a força da resistência ucraniana contra a invasão russa do ditador Putin.
5. Parte fundamental da linha de frente são os trabalhadores, em especial operários, como metalúrgicos e mineiros. Eles têm resistido de forma heroica, com armas nas mãos, ao mesmo tempo que tem enfrentado os ataques aos seus direitos feitos pelo governo ucraniano de Zelensky.
6. Nós devemos apoiar a resistência ucraniana contra a tomada de seu território e seu controle total por Putin. Em especial neste momento em que Trump busca partilhar a Ucrânia com o presidente russo.
7. Conseguindo esta vitória será possível, no momento seguinte, enfrentar os interesses de dominação da União Europeia e dos EUA, representados por Zelensky.
8. Mais impressionante ainda é a resistência palestina, que segue viva apesar da limpeza étnica sionista nesses quase 80 anos desde a invenção do atual Estado de Israel. Invenção essa que se apoiou na justa comoção mundial diante do holocausto, mas que criou um enclave militar na região para garantir seu controle por parte dos EUA.
9. O sionismo não é um movimento religioso, existem muitos judeus não-sionistas. Ele é um movimento político e possui uma ideologia de supremacia semelhante à do nazismo.
10. Existe uma hierarquia social entre os próprios judeus lá (os brancos, vindos da Europa, possuem mais direitos que os não-brancos da região). Essa hierarquia é pior ainda para os árabes que, independentemente de sua religião, tem ainda menos direitos.
11. Por isso o Estado de Israel nunca respeitou nenhum acordo histórico: foi criado em 1948 tomando mais da metade do território palestino e avançou ano a ano. Hoje já ocupam mais de 90% da Palestina histórica, buscando expulsar ou eliminar 100% daquela população.
12. Essa situação absurda é o que faz com que milhões de pessoas mundo afora apoiem o povo palestino. Importante destacar as lutas operárias contra o genocídio sionista: houve uma série de greves nas últimas semanas na Itália, puxadas por sindicatos de luta e por trabalhadores portuários e metalúrgicos, que chegaram a parar o país duas vezes.
13. Também houve paralisações parciais e greves de metalúrgicos e outros setores produtivos na Espanha. Na Bélgica trabalhadores logísticos por vezes se recusaram a transportar materiais bélicos destinados a Israel. E na Inglaterra houve inclusive ataques à Elbit, uma das maiores empresas militares israelenses.
14. Esse apoio inclusive aumentou diante da interceptação e sequestro da Flotilha, ação esta que foi completamente ilegal, mais um exemplo do papel do Estado de Israel no mundo.
15. Nos últimos dias vimos um novo acordo de cessar-fogo, em acordo com o Hamas. Não temos dúvida de que possa ser um alívio para a população de Gaza. Mas é preciso dois alertas, pois não é um acordo bom.
16. Primeiro: não se pode confiar em qualquer acordo com Israel ou Trump. Seus interesses imperialistas passam por cima de tudo. Segundo: este acordo traz perdas importantes para a Palestina e a resistência, é parte de um plano colonial.
17. Devemos estar ao lado do povo palestino e defender que os povos da região e do mundo se levantem em pé de guerra para destruir o Estado de Israel. A situação é semelhante à luta contra Hitler, quando se destruiu o Estado nazista. Parte dessa luta é enfrentar os governos de cada país, que muitas vezes fazem belos discursos, mas não rompem relações.
18. Dois Estados, como defendem as lideranças mundiais, inclusive o Hamas, não é solução. No lugar desse Estado sionista é preciso uma Palestina única, laica, democrática e não-racista, do rio ao mar. Só assim será possível ter paz, só assim poderão conviver os povos da região, independentemente de sua origem histórica ou de sua religião.
19. Nos últimos meses temos visto também o forte enfrentamento que tem acontecido nos EUA contra o governo Trump. Seus ataques e suas arbitrariedades, em especial contra trabalhadores imigrantes, têm gerado manifestações históricas no país.
20. Isso ocorre após greves importantes nos últimos anos, como nas montadoras e nas autopeças em 2023. Ou na Boeing, que teve uma greve de mais de 30mil trabalhadores por 2 meses em 2024 e outra agora em 2025 numa planta de caças de 3mil trabalhadores por mais de 2 meses.
21. E há muitos mais exemplos de revoltas importantíssimas nas últimas semanas: Equador, França, Sérvia, Nepal, Indonésia, Angola, Marrocos e Madagascar, para citar apenas alguns.
22. Todas essas são lutas que começam a partir de uma gota que transborda o copo da indignação, cheio de tanta exploração, opressão e humilhação por parte das burguesias nacionais e internacional.
23. O nosso futuro enquanto classe trabalhadora – e até mesmo enquanto humanidade – depende desses enfrentamentos no mundo contra a classe burguesa. Por isso é essencial nós nos solidarizarmos e sermos parte dessas lutas.
24. Bem como nos organizarmos em uma organização política revolucionária. Este é um debate necessário entre nós lutadoras e lutadores.
25. Só é possível acabar com essa organização social de desigualdades e sofrimento chamada capitalismo através da nossa vitória contra os exploradores. Isso passa por uma revolução, que é quando milhões vão às ruas contra o poder estabelecido.
26. O objetivo deve ser tomar das mãos deles o poder na sociedade. Acabar com esta democracia dos ricos e implantar uma democracia nossa, operária. Só assim poderemos direcionar para as necessidades humanas toda a riqueza que produzimos. O nome disso é socialismo!
Conjuntura Nacional
27. O Brasil não está fora desta situação de aumento da exploração capitalista. Justamente num país que é uma potência em diversos terrenos: riquezas minerais, petróleo, recursos agrários, matriz energética forte e mais limpa que a média mundial…
28. Mas principalmente: temos um país de uma forte classe trabalhadora, em especial na indústria. Nós operários somos pouco mais de 4% da população do país, porém produzimos quase 15% do PIB, no setor que é o coração da economia capitalista.
29. Politicamente temos história também: fomos o centro da 1ª greve geral do país, em 1917. Também puxamos a “greve dos 300mil” em 1953, contra o alto custo de vida e por melhores salários. Fizemos fortes greves em 1968 em Contagem-MG e Osasco-SP. E 10 anos depois foi a partir de parar as fábricas que se iniciou a derrubada da ditadura.
30. Apesar disso, a maior parte da riqueza que produzimos no país (mais de 75%) não fica com a gente. Ela vai para os patrões brasileiros e estrangeiros e para o Estado capitalista. Quando falamos aqui de patrões nos referimos a quem realmente é empresário, que vive apenas do trabalho de seus funcionários. Esses são apenas 0,1% da população brasileira.
31. A parte que vai para esses patrões tem servido cada vez mais para engrossar as estatísticas das desigualdades sociais. Uma pessoa que ganhe R$3.000 por mês precisaria trabalhar mais de 1 milhão de anos para entrar no top 10 dos mais ricos do brasil – sem gastar nenhum centavo!
32. Já da parte que vai para o Estado os governos destinam quase metade do orçamento do país para a dívida pública. Isso é dinheiro gratuito para os bolsos dos banqueiros, sem nenhuma contrapartida. Em outras palavras: também fica com os patrões. Isso é parte de se manter a subordinação do Brasil aos interesses imperialistas, que sugam as nossas riquezas.
33. Da outra metade ainda vai mais dinheiro para esses grandes empresários, através de isenções de impostos, terceirizações/privatizações etc. Sem falar nos salários e benefícios dos políticos, nos favorecimentos a seus amigos e familiares, nos desvios e tudo mais.
34. É para garantir todos esses ganhos deles que empurram a conta nas costas da classe trabalhadora. Seja da gente que trabalha na indústria, produzindo toda essa riqueza, seja de quem trabalha no comércio e tem condições em geral muito piores que as nossas, ou mesmo de quem é do serviço público, onde as condições de trabalho e salário vem piorando muito.
35. O que vem para nós através de saúde, educação, previdência, programas sociais etc. é migalha perto do tanto que trabalhamos e geramos de riqueza. São importantes para a vida do conjunto da população trabalhadora e devem ser defendidos. Mas ao mesmo tempo servem para a maioria das pessoas só aceitar a vida que tem, sem questionamentos.
36. Foi assim que Lula surfou no crescimento econômico em seu primeiro mandato, mas fez uma reforma da previdência já em seu primeiro ano como presidente. Assim também lidou com a crise econômica em seu segundo mandato, cortando o orçamento público e ajudando os bancos, enquanto milhares perdiam seus empregos.
37. O mesmo fez Dilma ao seguir com os gastos das obras do PAC enquanto a peãozada da construção das obras tinha péssimas condições de trabalho e salário. Por isso fizeram diversas greves, enfrentando a repressão do próprio governo dela.
38. Depois com Temer foi feita a reforma trabalhista. Este foi um ataque enorme aos nossos direitos, que ajudou muito as empresas a aumentar seus lucros aumentando a exploração sobre nós.
39. E em seguida Bolsonaro, que contribuiu para o Brasil ser um dos recordistas de mortes na pandemia. Ele também foi o presidente responsável pela reforma da previdência, que piorou ainda mais o já sucateado INSS e as condições de aposentadoria.
40. Derrotar Bolsonaro nas últimas eleições foi necessário. Como foi se revelando, os seus planos eram de acabar com o pouco de liberdades democráticas que temos. Prisão para ele, seus cúmplices e seus financiadores empresariais é pouco! Mas o fato de ele ser um representante da burguesia tão autoritário não torna santos os seus adversários eleitorais.
41. O governo Lula 3 tem como centro de sua política o Arcabouço Fiscal. Esta política econômica segue contribuindo para que os impostos arrecadados no país sejam investidos nos banqueiros e grandes empresários, e não nas necessidades da população trabalhadora.
42. O governo não moveu uma palha para questionar as reformas trabalhista e da previdência. Ele está sendo parte do avanço da reforma administrativa, mais um ataque aos servidores e aos serviços públicos. E mais: seu Ministério do Trabalho está retirando empresas da lista do trabalho escravo. Uma vergonha total.
43. Em relação às ofensivas de Trump sobre o mundo, como no caso das taxações, Lula segue com sua política de colaboração com esses que extraem cada vez mais as riquezas do país. É preciso enfrentar o imperialismo e não negociar com ele, pois seus interesses são de aumentar a dominação sobre os países.
44. Pior ainda no caso do Brasil, que segue descendo a ladeira nos últimos 40 anos. A dominação estrangeira tem aumentado cada vez mais, sobretudo por parte dos EUA, mas também da Europa, do Japão e da China.
45. Mesmo as políticas mais recentes deste governo que vem conseguindo reverter a queda na popularidade não vão resolver os nossos problemas. O fim da escala 6×1 e a redução da jornada são urgentes, mas sem revogar a reforma trabalhista os patrões vão poder seguir fazendo de tudo.
46. A isenção do imposto de renda até R$5mil não é correção na tabela. Ou seja: ajuda muita gente agora, mas ao longo de poucos anos vai ser perdida. E a taxação prometida dos mais ricos não vai fazer com que paguem nem metade dos impostos que nós pagamos.
47. Isso não é justiça tributária. Sem falar que taxar as bets é só mais uma forma de arrecadar em cima da desgraça do povo trabalhador, legitimando e legalizando essa extorsão.
48. Por fim, a política de Lula para a Palestina é tão enganosa quanto a da maioria dos países. Os discursos são muito bem feitos e a comparação do sionismo com o nazismo é justíssima.
49. Mas de que adianta falar tanto e manter todas as relações com o Estado de Israel, principalmente econômicas e militares? O Brasil de Lula também financia a máquina de guerra israelense!
50. Com tudo isso o governo não só contribui para manter e aumentar a exploração da classe trabalhadora. A piora nas condições de vida na atual situação política é o que mantém viva a oposição de direita. Para combatê-los de forma completa é preciso combater o governo também.
Conjuntura Estadual
51. Nos marcos dessa situação mais geral o estado de São Paulo não fica para trás. Apesar de seguir sendo o centro da economia brasileira, a vida do povo trabalhador não sente isso. Pelo contrário: está tudo cada vez mais difícil, com salários que não dão conta das necessidades, serviços públicos cada vez piores e aumento da violência pra cima de nós.
52. As políticas do governador Tarcísio de Freitas vão justamente no sentido de favorecer os empresários. Ele faz isso centralmente através de isenções de impostos (coisa que trabalhador não tem nunca) e de privatizações, como foi recente com a SABESP e linhas de trem. Como sempre essas medidas conseguem piorar ainda mais a vida do povo trabalhador.
53. Um dos próximos alvos do governador é a educação pública. Todos sabemos como tem piorado as condições das escolas estaduais. Mas nada é tão ruim que não possa piorar: a partir de privatizar vai ter mais dinheiro público indo pros bolsos dos amigos do Tarcísio e sem garantia nenhuma de melhoria do ensino.
54. Importante destacar que este plano está sendo financiado pelo BNDES, ou seja, o governo Lula está sendo parceiro nessa empreitada de Tarcísio. Isso mostra como que no plano econômico as diferenças não são tão grandes entre os governos “progressistas” e os “de direita”.
55. Outro elemento importante aqui no estado é a repressão policial. A lógica de “guerra às drogas” – que na verdade é uma guerra contra os pobres, em especial a população negra – segue fazendo vítimas todos os dias, sem afetar o tráfico.
56. A lei de drogas, aprovada em 2006 pelo primeiro mandato do Lula, é parte fundamental dessa investida racista que se aproveita da insegurança gerada por eles mesmos. Nesses quase 20 anos aumentou absurdamente a violência policial, assim como os lucros do tráfico.
57. São eles mesmos que geram esta situação: quem não se lembra do helicóptero dos amigos do Aécio Neves que caiu cheio de cocaína alguns anos atrás? Ou na cocaína encontrada num avião da FAB em 2019? Ou mais recente no tanto de empresas e operadores do mercado financeiro na Faria Lima ligados ao PCC?
58. Também aqui as relações com o Estado de Israel se fazem presentes. Toda tecnologia militar que inventam é testada contra os palestinos. Depois os governos federal e estaduais compram e aplicam no cotidiano contra as periferias das cidades. E aí quando as empresas os chamam para reprimir uma greve, ou mesmo uma simples assembleia, eles estão preparados.
Conjuntura local
59. Toda essa realidade tem consequências na nossa região, na nossa categoria e nas nossas cidades. Os 40 anos de desindustrialização relativa do país estão impulsionando setores de menor valor agregado (extrativismo e agronegócio). Com isso se reduz o peso econômico de setores mais tecnológicos. Alguns desses fecham, mas muitos buscam se reestruturar para maximizar a exploração.
60. Exemplos foram o fechamento das plantas da Mabe em 2016 e a transferência da fabricação de carros da Honda de Sumaré para Itirapina. Agora mais recente tivemos o fechamento da Mercedes em Campinas (concentrando em São Bernardo) e ano que vem fecha a Toyota de Indaiatuba, concentrando em Sorocaba.
61. Essas medidas mostram como os objetivos dos patrões são apenas lucrar, não querem saber das consequências. A situação tem piorado muito, só que isso é o que acontece todos os dias. Vejamos dois exemplos de quem controla toda a riqueza que nós produzimos:

62. Há diferenças importantes entre as cidades, mas no fim das contas é como debatemos anteriormente: o grosso da riqueza que é produzida por nós, classe trabalhadora, é apropriada pela burguesia, direta ou indiretamente.
63. Para lucrar ainda mais eles se aproveitam das opressões. Para termos um exemplo disso vejamos a evolução da situação das mulheres. Sua participação na nossa categoria foi de 14,84% em 2006 para 19,63% em 2023. Vejamos como se dá o aumento da exploração sobre todos nós e em especial sobre as mulheres a partir do machismo:
| Média Salarial (Metalúrgicos RMC, 2006) | Média Salarial (Metalúrgicos RMC, 2022) |
| Homens: 6,44 salários-mínimos | Homens: 4,90 salários-mínimos |
| Mulheres: 4,55 salários-mínimos | Fonte: ILAESE Mulheres: 3,76 salários-mínimos |
64. Apesar da redução da diferença salarial entre gêneros, a queda no poder de compra é dramática para ambos. Isso reforça que a inserção feminina na indústria se dá com a precarização do trabalho e soma-se à opressão da dupla jornada (trabalho doméstico e cuidado de filhos), que recai majoritariamente sobre as mulheres.
65. Outro problema que tem acometido a nossa categoria é o aumento da média de idade. Isso se dá em grande medida pelo achatamento salarial, que reduz os salários em geral e torna os empregos industriais menos atraentes para os jovens.
66. Para se ter uma ideia, a participação percentual de pessoas entre 40 e 49 anos de idade cresceu quase 50% desde 2006. Já entre 50 e 64 anos quase dobrou! Enquanto isso seus salários baixaram de 8,63 para 5,82 salários mínimos. Na faixa dos 18 a 24 anos de idade a média salarial baixou de 3,44 para 2,09 salários mínimos!
67. Sem sombra de dúvida as próximas pesquisas deverão mostrar uma piora ainda maior quando pegarem os reflexos do fechamento das plantas da Mercedes e da Toyota. Esta última, que é a única ainda produzindo veículos na nossa base, vai afetar profundamente os padrões de vida da classe trabalhadora em Indaiatuba, Salto e outras cidades ao redor.
Conclusões da conjuntura
68. Desta exposição podemos tirar algumas conclusões:
A – O capitalismo imperialista passa por uma fase de aumento dos ataques para se manter de pé;
B – Os agentes desses ataques sobre nós classe trabalhadora são tanto as próprias empresas quanto os governos;
C – Os governos não são exatamente iguais, mas cada um, à sua maneira, atende aos interesses dos patrões e dos países imperialistas;
D – Assim como tem ocorrido em outros países, a população trabalhadora tem se visto diante de um beco sem saída nas eleições, se sentindo obrigada a votar no que considerar que é o “mal menor” em cada momento;
E – Nos opomos e lutamos contra toda tentativa de golpe burguês. Porém consideramos justo e nos somamos ao sentimento crescente de que esta democracia dos ricos não nos serve;
F – As organizações, os partidos e os políticos “de direita” têm usado esse sentimento para ganhar mais votos, mas na verdade seus planos são de seguir nos atacando;
G – As organizações, os partidos e os políticos “progressistas”, ou “de esquerda”, querem conciliar os interesses da classe trabalhadora com os dos patrões e salvar este regime político, como se ele tivesse algo a nos oferecer;
H – É preciso construir um partido revolucionário como alternativa a essas outras organizações, que saiba utilizar sempre os espaços existentes. Não para se integrar às regras do jogo, mas para denunciar esse sistema de exploração e opressão. E que aponte que o programa para resolver os nossos problemas passa por destruir o Estado capitalista, burguês;
I – Em seu lugar devemos construir um Estado operário, onde quem mande e determine para onde vão as riquezas, sejamos nós classe trabalhadora, organizada nos locais de trabalho, de estudo e de moradia. Esse é o caminho para o verdadeiro socialismo!
Balanço político
69. Em 2023 tivemos a primeira eleição do sindicato em muitos anos que tinha duas chapas. Nós que hoje somos da Voz Operária Socialista compusemos a Chapa 2 e fazemos um balanço positivo de tal política.
70. De lá para cá temos um sindicato que volta a ter participação nas lutas da classe trabalhadora na região. Com o peso e a história que o nosso sindicato possui era um crime o isolamento que havia anteriormente.
71. Porém esse peso só é possível porque se apoia numa categoria forte e que vê a importância de sua ferramenta de luta. Os sindicatos no Brasil foram duramente afetados pela Reforma Trabalhista de Temer, sobretudo nas suas finanças. Por isso a campanha permanente de sindicalização e a recuperação de acordos com empresas são também essenciais.
72. Entretanto nós da VOS, em que pese somos minoria no interior da diretoria, vemos que há alguns problemas grandes hoje. O principal deles é o fato de não termos uma entidade que esteja em oposição ao governo Lula. Para nós isso afeta negativamente a ação e a política do sindicato.
73. A maioria das pessoas no chão de fábrica não apoia mais o PT e seus governos como antes. Isso porque já percebeu que, no fundo, com eles suas vidas não mudaram substancialmente. Por isso a maioria rompeu com esse partido e suas figuras.
74. Nesta situação, a nossa classe (assim como todas as pessoas na sociedade hoje) tem sido bombardeada pelas ideias da extrema direita, em especial nas redes sociais.
75. Se o nosso sindicato não tem uma postura nítida e firme de oposição, ao mesmo tempo se diferenciando da oposição de direita e combatendo-a, fica limitado em suas possibilidades.
76. Estamos fazendo bons combates econômicos e sindicais, obtendo conquistas salariais e de direitos. Mas nós precisamos de uma entidade que seja também uma referência política contra o sistema capitalista. E para isso precisa ter uma posição de combater todos aqueles que governam para os patrões.
77. Com a história que tem a nossa classe e o nosso sindicato, não é possível qualquer vacilação nesse tema. Se não formos uma referência de oposição a todos os governos corremos o risco de, no próximo levante popular no país, sermos atropelados pela raiva das massas, que vai nos ver como mais do mesmo.
Estrutura
78. Os Sindicatos surgiram a partir da necessidade dos trabalhadores se unirem para lutar e resolver problemas comuns como salários e condições de trabalho. Por isso, naquele momento os trabalhadores participavam de forma ativa e, com isso, tinham controle sobre os sindicatos e seus representantes.
79. Essa realidade foi mudando, pois os Capitalistas viram a necessidade de domesticar os sindicatos. Conforme foram legalizando a atividade sindical, criaram uma estrutura que afastava os trabalhadores dos dirigentes sindicais e da vida e organização dos sindicatos.
80. As manifestações de 2013, a Lei da Terceirização e as Reformas Trabalhistas e da Previdência expuseram as fragilidades e desafios do atual modelo sindical. Quando foi necessário mobilizar os trabalhadores para lutas políticas vimos os sindicatos paralisados e a classe trabalhadora se movendo por fora deles.
81. As leis que legalizaram os sindicatos impõem que eles sejam um instrumento apenas das demandas econômicas. Assim a maioria dos sindicatos ficou só levando as pautas salariais, de PLR e outros benefícios e direitos de cada categoria ou base sindical. Afastaram dos problemas gerais da sociedade.
82. Essas lutas do dia a dia das categorias são muito importantes, pois abrem o debate sobre quem produz a riqueza: somos nós, trabalhadores. Fica evidente a contradição com as nossas vidas, que em geral só pioram, enquanto os burgueses acionistas das empresas só enriquecem e nada produzem.
83. Mas se o debate parar só aí vamos continuar assistindo o mesmo filme repetido: lutar, conquistar o aumento e no dia seguinte ter direitos arrancados, demissões, inflação e voltar a lutar como cachorro correndo atrás do rabo.
84. A estrutura sindical deve estar a serviço de preparar a classe operária para a construção de uma nova sociedade, onde os interesses e necessidades da maioria se impõem. Por isso a politização da nossa atividade cotidiana é uma necessidade. O Folha de Metal deve estar a serviço de avançar nos debates políticos com a categoria.
85. Nosso sindicato tem avançado em se aproximar mais dos trabalhadores. A manutenção da realização do Congresso de Metalúrgicos de Campinas e Região e a retomada da convenção para formação de chapa são exemplos disso. Mas é necessário avançar mais.
86. O Artigo 510-A da CLT, sobre a eleição de comissão de trabalhadores para representá-los é parte da Nova Lei Trabalhista. Ele foi criado com o objetivo de enfraquecer os sindicatos e atacar os direitos dos trabalhadores. Porém pode e deve ser usado para fortalecer os instrumentos de luta da classe operária e aproximar mais o sindicato da base.
87. Em algumas empresas que aplicam esse artigo o nosso sindicato já tem buscado eleger companheiras e companheiros que participem dessas comissões de maneira a fortalecer a luta e o sindicato.
88. Apesar do objetivo inicial da Reforma, podemos utilizar a existência desse artigo para buscar inserir nas convenções/acordos coletivos a existência de comissões ou delegados sindicais. Estabelecer regras por essa via que garantam por exemplo a estabilidade para quem se eleger para tais cargos representativos.
89. Na Toyota tivemos essa conquista muitos anos atrás, mas que infelizmente foi abandonada pela Intersindical. O fechamento da fábrica nos atrapalhou a buscar retomar esta conquista.
90. Apesar disso seria importante retomar esse debate com a categoria e nas negociações. Isso fortalecerá a entidade na base e possibilitará o surgimento de novas companheiras e novos companheiros na luta.
91. Enquanto isso, é importante seguir acompanhando as CIPAs, mas buscar ter um acompanhamento mais presente e cotidiano dessa companheirada. Ter uma quantidade maior de formação, mas não apenas das coisas básicas de CIPA. A formação política é fundamental, ainda mais quando vemos que boa parte da diretoria começou sua militância via CIPA.
Plano de ação
A – Reforçar a participação do sindicato nas mobilizações pró-Palestina. Promover debates e a presença do tema no Folha de Metal e nas redes para avançar no debate com a categoria. Denunciar os acordos de dominação total da Palestina em curso e o papel dos governos na cumplicidade com o genocídio;
B – Verificar as empresas que contribuem com o Estado sionista de Israel e, em conjunto com outros movimentos, dar visibilidade ao papel que cumprem. Debater com os trabalhadores as saídas possíveis aos ataques que essas empresas podem fazer diante dessa exposição, avançando no debate sobre o controle operário;
C – Trazer o combate ao imperialismo para o centro do cotidiano do sindicato. Preparar materiais que auxiliem a militância a debater com a peãozada nas fábricas sobre a necessidade de enfrentar Trump como caminho para uma verdadeira independência do país;
D – Retomar a luta pela revogação das reformas trabalhista e da Previdência, exigindo e denunciando o governo por não o fazer. Incorporar na agitação política do sindicato para ganhar a categoria para esta necessidade e pressionar o restante dos movimentos que deixou esta pauta de lado;
E – Incluir na agitação política do sindicato a luta contra o Arcabouço Fiscal, por ser o teto de gastos de Temer piorado e base da atual política econômica, que segue privilegiando a burguesia;
F – Trazer para o sindicato a luta contra a reforma administrativa, por ser parte da luta em defesa dos serviços públicos;
G – Denunciar a política privatista de Tarcísio, tratando do significado das privatizações e os reflexos para nós trabalhadores. Destacar os acordos entre os governos das três esferas neste tema;
H – Nos municípios avançar no envolvimento do sindicato nas lutas. Em especial dos servidores municipais, que são a base do atendimento à população e tem protagonizado lutas importantes nos últimos meses;
I – Reforçar a campanha pelo fim da escala 6×1, pela redução a jornada sem redução de salários;
J – Avançar no debate com a categoria sobre delegados sindicais/comissões de fábrica e avaliar com a militância do sindicato o momento de colocar o tema em pauta com cada empresa.
Assinam:
Alan
Ana
Frodo
João Paulo
Jonas
Leandro
Márcio
Marcos
Michel
Renato
Renan
Thomas

