Apoiamos a luta palestina para frear o genocídio

Flotilha Sumud

CORI-CI

O Ministério das Relações Exteriores de Israel informou à imprensa internacional que havia conseguido impedir que todos os barcos da Flotilha Global Sumud (chamada Flotilha da Liberdade) entrassem nas águas territoriais da Faixa de Gaza. No entanto, por meios alternativos, soube-se que o navio Mikeno havia conseguido quebrar o bloqueio israelense e estava a apenas 11 quilômetros da costa de Gaza.

A Flotilha da Liberdade é uma expressão do imenso movimento internacional de solidariedade e apoio à luta do povo palestino e de repúdio à “limpeza étnica” que o Estado de Israel realiza contra esse povo, com métodos genocidas, desde sua criação em 1948.

Essas mobilizações se aprofundaram desde 7 de outubro de 2023, quando o exército sionista ocupou a Faixa de Gaza e iniciou o episódio mais recente dessa limpeza étnica. O que acontece em Gaza é comparado ao que os nazistas fizeram com os judeus do Gueto de Varsóvia, em 1943.

A Flotilha Global Sumud é integrada por mais de 60 embarcações nas quais viajam cerca de 500 pessoas de numerosos países, entre ativistas, representantes de organizações políticas, sindicais e de movimentos sociais, junto com figuras conhecidas como Greta Thunberg. Quando seus barcos zarparam, a partir de diversas cidades e portos do mundo, receberam o apoio de milhares de pessoas e foram realizados grandes atos.

Um grande valor simbólico

O objetivo da Flotilha era chegar às costas da Faixa de Gaza para entregar alimentos e medicamentos à sua população. Isso é inaceitável para o Estado sionista, dado que seu projeto é apropriar-se completamente de Gaza e, para isso, expulsar a população palestina ou forçá-la a abandonar esse território. Para alcançar esse objetivo, utiliza métodos genocidas: assassinar milhares de pessoas, usar a fome como arma de guerra e destruir moradias e toda a infraestrutura de água, energia e atenção à saúde. Além disso, o Estado sionista tenta evitar, por todos os meios, que vaze informação sobre o que acontece em Gaza e, para isso, assassinou numerosos jornalistas.

Ainda que a chegada da Flotilha não fosse reverter essa terrível situação, o fato de um barco ter conseguido alcançar as costas de Gaza tem um imenso valor simbólico. Por um lado, é uma mensagem ao povo palestino: “milhões no mundo estamos com vocês”, apesar da ação de nossos países imperialistas e de nossos governos nacionais. Por outro, demonstra que é possível quebrar o bloqueio israelense e derrotar o Estado sionista, embora este pretenda dar a imagem de que é invencível.

Por isso Israel agiu como agiu. Apesar de se tratar de uma ação pacífica, atacou a Flotilha com drones e, depois de pôr sua Marinha em alerta, enviou um navio de guerra para interceptar e ameaçar suas duas embarcações principais. Em seguida, sequestrou grande parte dos tripulantes, que foram trasladados por outro navio da Marinha israelense ao porto de Ashdod, onde alguns permaneceram detidos e incomunicáveis à espera de deportação, e outros foram levados à prisão de segurança máxima de Ketziot, onde se reportaram maus-tratos e torturas. Além disso, há três ativistas egípcios desaparecidos.

Os barcos envolvidos navegavam com bandeiras de vários países (Espanha, Itália, Grécia, Líbia, Tunísia e, posteriormente, Turquia). Se nos referirmos às pessoas que viajavam neles, há cidadãos de mais de 50 países. O Estado de Israel atuou contra a Flotilha em águas internacionais e chegou inclusive a transgredir completamente o direito internacional burguês. Em outras palavras, suas ações podem e devem ser consideradas como uma agressão ou um ato de guerra contra esses países.

A reação internacional

Ao se saber o ocorrido, começaram a realizar-se atos e mobilizações com centenas de milhares de participantes em numerosas cidades do mundo, em repúdio à agressão israelense à Flotilha e exigindo a imediata libertação dos detidos/sequestrados.

Queremos destacar de modo especial o ocorrido na Itália: uma central sindical (a CGIL), junto com vários sindicatos de base, convocou uma greve geral que paralisou o transporte e realizou grandes mobilizações e bloqueios em numerosas cidades do país, aos quais se somaram muitíssimos jovens, especialmente estudantes. Desde 2023 houve várias ações de boicote a Israel e greves de trabalhadores europeus em diversos países: Bélgica (2023), Espanha (2024), França e Grécia (2025). Essa participação dos trabalhadores organizados em apoio à luta do povo palestino é um exemplo a ser seguido em outros países.

A reação dos governos cujos barcos e cidadãos foram agredidos pelo Estado de Israel é mais variada. Como era de esperar, Donald Trump respaldou e justificou as ações israelenses, apesar de que oito militares aposentados estadunidenses participaram da Flotilha. Outro que apoia incondicionalmente o governo de Benjamin Netanyahu, o presidente argentino Javier Milei (já muito descreditado e debilitado), optou por guardar silêncio.

O francês Emmanuel Macron manteve silêncio sobre a ação israelense e limitou-se a pedir a imediata libertação de seus cidadãos detidos. O brasileiro Lula da Silva limitou-se a “lamentar” a atuação israelense, apesar de que a deputada brasileira Luzianne Lins (de seu próprio partido) está entre os sequestrados. Os líderes da União Europeia (à qual pertencem Espanha, França, Grécia e Itália) optaram por “não se pronunciar” sobre a “atuação israelense”.

A resposta mais contundente foi dada pelo governo turco de Recep Erdogan, que qualificou a ação de Israel contra a Flotilha como um “ataque terrorista”. Também denunciou que esse ataque é a continuação das “políticas fascistas e militaristas do governo genocida” de Benjamin Netanyahu e enviou alguns barcos adicionais para a Flotilha.

Na América Latina, o governo colombiano de Gustavo Petro qualificou a detenção de duas cidadãs colombianas como um “sequestro da Marinha israelense”. Ordenou a imediata saída da Colômbia dos diplomatas israelenses e iniciou o processo para invalidar o tratado de livre comércio que seu país mantém com Israel. Ainda que tenha sido o governo que deu a maior resposta neste continente, é demasiado pouco diante do tamanho das agressões israelenses.

Um debate necessário

A CORI-CI e suas organizações nacionais participam de todas as mobilizações e atividades de apoio à luta do povo palestino contra os crimes do Estado de Israel, em unidade de ação junto com muitas outras organizações e ativistas independentes.

Nelas, impulsionamos especialmente seguir o exemplo recente da Itália e de outras nações europeias: que os trabalhadores organizados de todos os países tomem em suas mãos esse apoio ao povo palestino. Não é a primeira ação realizada por trabalhadores de países europeus em apoio à luta palestina e em repúdio ao Estado sionista, desde 2023. Houve ações de boicote a Israel ou greves na Bélgica (2023), Espanha (2024), França, Grécia, e uma greve anterior na Itália (2025).

Nesse marco de mobilizações unitárias, colocam-se debates: qual deve ser o objetivo da luta palestina?; qual é o caminho para alcançá-lo? Há diferentes respostas a essas perguntas e propostas que, muitas vezes, se enfrentam entre si.

O debate central é sobre se a luta deve ser para que o povo palestino recupere todo o seu território histórico ou se deve aceitar a existência de “dois Estados” nesse território (um judeu e outro palestino, coexistindo pacificamente, com fronteiras ainda piores que as anteriores à guerra árabe-israelense de 1967).

A primeira proposta é defendida por algumas poucas organizações de esquerda, como a CORI. A segunda é levantada pelas principais organizações palestinas (Al Fatah e Hamas), grande parte da esquerda mundial, a ONU, os governos dos países árabes e a maioria dos governos do mundo. Afirmamos que este é o debate principal porque define o objetivo da luta do povo palestino e de quem a apoia. Por isso, é o que orienta todos os métodos de luta necessários para alcançá-lo.

O Estado de Israel é um enclave imperialista no mundo árabe-muçulmano

Para abordá-lo, é necessário realizar um breve retrospecto histórico. A fórmula dos dois Estados foi utilizada na Resolução 181 (novembro de 1947), que “criou” o Estado de Israel. Essa resolução foi impulsionada e apoiada pelos países imperialistas vencedores da Segunda Guerra Mundial (EUA, Grã-Bretanha e França) e pela burocracia stalinista da ex-União Soviética. Sua implementação efetiva começou em 15 de maio de 1948, data que o povo palestino recorda como Nakba (“Catástrofe”).

Essa resolução concedia a uma minoria de residentes judeus (em sua maioria imigrantes recentemente trasladados da Europa) 52% do território palestino. No processo de sua “criação”, o Estado de Israel incorporou mais territórios até dominar 78% da superfície.

Para alcançar esse domínio, expulsar o povo palestino de suas terras e moradias e apropriar-se delas, as bandas armadas sionistas utilizaram métodos genocidas de “limpeza étnica”. Um exemplo disso foi o Massacre de Deir Yassin, no qual milícias armadas sionistas assassinaram metade da população civil dessa aldeia. Ou seja, esses métodos genocidas estão no DNA da criação do Estado de Israel, que continua a aplicá-los, como vemos em Gaza.

Dito de outro modo: o Estado de Israel foi criado como um enclave imperialista no mundo árabe, por meio da imigração artificial de judeus europeus (depois também de outros países do mundo) e com base na expulsão do povo palestino de seu território, com métodos de limpeza étnica. Essa é sua certidão de nascimento e sua natureza como Estado.

Para justificar a criação do Estado de Israel e os crimes cometidos para tal, utilizaram-se duas explicações distintas. A primeira é a do movimento sionista, o primeiro a propor a criação de um “lar nacional judeu” na Palestina. Esse movimento sustentava que a Palestina era “uma terra sem povo” e que os judeus eram “um povo sem terra”. Um povo judeu que, além disso, teria o “direito histórico” de ser dono da Palestina porque essa teria sido sua “pátria milenar” (segundo sua interpretação da Bíblia, que foi muito questionada). Segundo o sionismo, os judeus teriam sido expulsos na época do Império Romano. Tudo isso é uma burda falsificação, desqualificada por vários historiadores judeus, inclusive alguns israelenses.

A segunda explicação foi utilizada pela ONU, pelos governos dos países imperialistas e pela burocracia stalinista; esse argumento aproveitou a solidariedade mundial com os judeus europeus (que haviam sofrido atroz perseguição por parte do nazismo) para defender que, depois de tanto sofrimento, eles mereciam um “lar nacional onde pudessem viver em paz e curar suas feridas”.

É inegável que esses castigados judeus europeus mereciam uma terra “onde pudessem viver em paz”. O problema é que nessa terra para onde os levavam já vivia o povo palestino e, portanto, longe de “ter paz”, só poderiam ter seu “lar nacional” expulsando o povo palestino com métodos genocidas de limpeza étnica. Ou seja, fazer com os palestinos o mesmo que o nazismo havia feito com eles.

Vale recordar que, após a Segunda Guerra Mundial, milhares de judeus europeus emigraram para países como os EUA e a Argentina, onde foram recebidos, integraram-se à sociedade, viveram em paz e constituíram suas famílias.

É muito importante diferenciar a tradição cultural dos judeus europeus da ideologia sionista. Nos séculos XIX e XX, quando sofriam perseguição antissemita, essa tradição cultural deu lugar a filósofos humanistas como Martin Buber e Walter Benjamin. Muitos judeus europeus se incorporaram à luta contra a injustiça e uniram-se aos movimentos socialistas e revolucionários (a lista é muito longa).

Ao contrário, o movimento sionista baseia-se numa ideologia reacionária que, desde sua fundação, transformou-se em agente do imperialismo para criar um enclave na Palestina. Não por acaso, atualmente, em todo o mundo, muitos judeus repudiam os crimes do sionismo e são solidários com os palestinos.

A proposta dos “dois Estados” é uma solução falsa

Consideramos que a proposta dos dois Estados não é realmente nenhuma solução para o povo palestino. Isto por muitas razões. A principal é que significaria a aceitação definitiva do enclave imperialista que é o Estado de Israel e da violenta usurpação sobre a qual foi construído.

Em segundo lugar, condenaria o povo palestino a estar dividido para sempre. Aqueles que habitam os territórios que integrariam esse suposto Estado palestino (2.000.000 na Faixa de Gaza e 3.000.000 na Cisjordânia), cerca de 1.500.000 vivem dentro do Estado de Israel como cidadãos de segunda classe, separados de seus familiares em território palestino por muros. E, finalmente, quase 6.000.000 vivem no exílio em países árabes e do resto do mundo e já não teriam nenhuma forma de recuperar as terras e propriedades que foram roubadas de suas famílias.

Em terceiro lugar, esse mini-Estado palestino não teria viabilidade nem autonomia geográfica, econômica ou militar ao lado de seu vizinho israelense, muito mais poderoso em todos os terrenos. Viveria cercado por esse Estado, rodeado de muros e com suas fronteiras custodiadas militarmente por ele.

Mas o problema é ainda mais profundo. O Estado de Israel declarou de maneira contundente que nunca aceitará a criação desse mini-Estado palestino e assim o votou várias vezes o Knesset (Assembleia Legislativa de Israel).

Essa suposta solução, na realidade, não existe. Por que, então, tantos setores seguem propondo-a? No caso da ONU, dos países imperialistas e dos governos árabes, ela é utilizada como um “anzol” para evitar que a luta do povo palestino e de quem a apoia aponte na direção correta para recuperar seu território histórico.

Também é uma via para a capitulação das direções palestinas. Foi o caso dos Acordos de Oslo (1993), firmados entre o Estado de Israel e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), com o patrocínio do então presidente estadunidense Bill Clinton. No papel, tais acordos eram um passo rumo à constituição de um Estado palestino em Gaza e Cisjordânia, mas terminaram sendo o mecanismo pelo qual a OLP e Yasser Arafat, então seu principal dirigente, abandonaram definitivamente a consigna central do programa fundacional da OLP (1964): a luta por uma Palestina Laica, Democrática e Não Racista e a recuperação de todo seu território histórico. Ao mesmo tempo, por meio da Autoridade Nacional Palestina, a OLP e o Al Fatah acabaram transformando-se em administradores coloniais em Gaza e Cisjordânia, a serviço do domínio israelense.

O “plano de paz” de Trump para Gaza

Esse plano e as primeiras negociações que se realizam entre o Hamas e o governo de Netanyahu ocupam hoje o centro das notícias mundiais. Ao ler o texto da proposta de acordo, resulta evidente que seu primeiro objetivo é “dar um respiro” ao governo Netanyahu, cada vez mais isolado internacionalmente e com forte crise interna em seu país pelo genocídio que está cometendo em Gaza.

Em segundo lugar, o conteúdo de fundo dessa proposta é que o Hamas libere os reféns israelenses de imediato, se renda e entregue as armas e renuncie a qualquer participação futura no governo de Gaza. Ao mesmo tempo, embora houvesse cessar-fogo, o exército israelense não deveria se retirar de imediato de Gaza, mas “com base em padrões, marcos e prazos” que devem ser “acordados pelas partes”. Para bom entendedor, meia palavra basta.

Ainda não se sabe se essa proposta vai avançar ou não. Se se concretizar, Gaza passaria a ser governada por “um comitê palestino tecnocrático e apolítico, responsável pela gestão diária dos serviços públicos”, que seria supervisionado por uma “Junta da Paz” que, na prática, seria controlada por Trump.

Em outras palavras, é um plano ainda pior que o dos Acordos de Oslo, pelos quais a OLP deixou de lutar para recuperar todo o território palestino e se transformou em agente colonial a serviço do Estado de Israel. Esse “comitê palestino” que “governaria” Gaza também seria um agente colonial, mas agora diretamente do imperialismo estadunidense. Lamentavelmente, o Hamas anunciou que “aceitou alguns elementos” da proposta de Trump, “em particular a libertação de todos os reféns que restam em Gaza, embora tenha assinalado que outros aspectos requerem mais consultas”.

É compreensível que a população de Gaza, nas terríveis condições que sofre atualmente, esteja disposta a aceitar qualquer acordo que lhes dê algum respiro e lhes permita sobreviver, e que o Hamas reflita essa pressão de sua base. Uma correlação de forças muito desfavorável em uma luta pode obrigar uma direção a assinar um acordo péssimo. O que essa direção nunca pode fazer é dizer que esse acordo é bom.

“Palestina livre do rio ao mar”

Por sua vez, a corrente iniciada pelo trotskista argentino Nahuel Moreno, em 1944 (o “morenismo”), da qual a CORI-CI se reivindica parte, definiu, há várias décadas, levantar como própria essa consigna fundacional da OLP. Defendemos essa proposta sobre o objetivo que deve ter a luta palestina e a de quem a apoia no mundo.

Ao mesmo tempo, afirmamos que essa é a aspiração da grande maioria do povo palestino, que agora a expressa com a reivindicação de alcançar uma “Palestina Livre do Rio [Jordão] ao Mar [Mediterrâneo]”.

Contrapomo-la à proposta dos “dois Estados” que, como vimos, é levantada pela ONU, pelos governos dos países imperialistas e pelos governos burgueses dos países árabes. Por sua vez, é muito mais perigoso que essa proposta irrealizável seja defendida pelas principais organizações palestinas (como Al Fatah e Hamas) e pela maioria da esquerda, porque nas condições atuais só serve aos inimigos da luta palestina.

Um debate final

Esse objetivo do povo palestino de recuperar sua pátria histórica está intimamente ligado a outro tema: qual é o caminho e quais são os métodos de luta para alcançá-lo. O ponto de partida é que isso será impossível enquanto existir o Estado sionista de Israel (como vimos, um agressivo enclave imperialista “armado até os dentes”). Não há forma de o povo palestino recuperar sua pátria sem derrotar militarmente e destruir esse Estado, tal como foi necessário destruir o Estado nazista alemão para pôr fim ao nazismo, na Segunda Guerra Mundial, e destruir o Estado colonial francês para a libertação da Argélia (1954–1962).

Embora muitos digam que sim, não há forma pacífica de alcançar esse objetivo: é uma tarefa político-militar muito difícil e é preciso preparar-se para ela. É a única maneira de o povo palestino conquistar uma paz justa. Nesse caso, é totalmente válida a frase do escritor romano Flávio Vegécio Renato: “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”.

Se olharmos o que está acontecendo em Gaza, essa tarefa de derrotar militarmente o Estado de Israel parece impossível, dada a imensa superioridade que ele tem no campo militar. O povo palestino resiste heroicamente a ser eliminado e o faz com o pouco que tem à mão contra um inimigo muito mais poderoso.

Mas devemos ampliar o marco de análise, porque essa resistência é a faísca que pode fazer deflagrar um incêndio revolucionário em todo o mundo árabe para que acorra em seu apoio contra o Estado de Israel. Nesse ponto, é necessário referir-se aos regimes e governos dos países árabes e muçulmanos.

Alguns poucos levantam sua voz contra o Estado sionista, mas fazem pouco ou nada em apoio à luta palestina ou no combate a Israel. Podemos referir-nos a alguma ação militar isolada do regime do Irã, ou do Hezbollah a partir do Líbano, mas não muito mais. A única exceção, nesse sentido, são os huthis iemenitas.

Outros governos assinaram acordos de paz e reconheceram a “legitimidade” de Israel. Por isso, olham para o outro lado e guardam silêncio sobre o genocídio em Gaza. Nesses países, está colocado que seus povos exijam a esses governos que rompam relações com o Estado sionista e apoiem a luta palestina.

O pior caso é o dos regimes e governos de países fronteiriços, como Egito e Jordânia, que são diretamente cúmplices de Israel na tarefa de isolar e bloquear Gaza e Cisjordânia e na custódia militar de suas fronteiras. Mas ainda pior é o papel de agente colonial cumprido pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) na Cisjordânia. Nesses casos, está colocada diretamente a tarefa de que uma mobilização revolucionária das massas derrube esses regimes e governos e instale outros que se coloquem a serviço de apoiar ativamente a luta palestina.

Nesse marco, é necessário impulsionar a construção de uma nova direção palestina que tenha a vontade e a decisão de lutar a fundo pela derrota completa do Estado sionista para alcançar a libertação total da Palestina.

Ao mesmo tempo, essa faísca já acendeu chamas em todo o mundo, com as grandes mobilizações e greves que apoiam a luta do povo palestino contra o Estado sionista. Mobilizações que colocam contra as cordas governos que sempre defenderam incondicionalmente Israel e suas ações. Podemos dizer que o apoio à luta do povo palestino é hoje o centro da luta de classes no mundo.

Finalmente, já se demonstrou em várias ocasiões que o Estado de Israel não é invencível militarmente, como em sua derrota frente ao Hezbollah na invasão ao Líbano, em 2005. Ao mesmo tempo, Israel está atravessado por diversas crises econômico-sociais e políticas que o corroem por dentro e o debilitam.

Reiteramos que a tarefa de derrotar militarmente e destruir o Estado de Israel é muito difícil, mas não é impossível se, em todo o mundo, a tomarmos com os objetivos e métodos corretos e necessários. É uma tarefa político-militar na qual se combinam as mobilizações internacionais e as campanhas unitárias como o BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) contra o Estado de Israel com a luta militar propriamente dita. Estamos à disposição dessa tarefa e chamamos todos os honestos defensores da causa palestina a debater e impulsionar este programa.

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